Em novembro do ano passado, o motorista de ônibus Miguel Luiz Pereira recebeu um pedido da empresa pra que ele mudasse a CNH da categoria D para a E, que permite dirigir coletivos biarticulados.
Miguel procurou o laboratório de coleta Laborfase em Diadema, na Grande São Paulo, e fez o exame toxicológico do cabelo, que detecta se houve uso de drogas até 90 dias antes.
Dois meses depois do teste, veio a surpresa: o exame falhou e precisaria ser refeito. O problema é que o cabelo do Miguel não tinha os quatro centímetros exigidos para o teste e ele teria de esperar mais dois meses pra refazer o antidoping.
Preocupado, ele procurou uma autoescola no Jardim Promissão, também em Diadema, que fez uma proposta: R$ 1.300 para vender um resultado negativo do teste, ou no jargão, pra quebrar o antidoping. Miguel não aceitou:
“Deslavadamente, assim, de forma acintosa, até, descaradamente. Uma coisa que era para melhorar e virou uma forma de ganhar dinheiro. Quem usa drogas, continua usando, e os bons motoristas, como eu, que não uso drogas e quero fazer a coisa toda direito, é que estão pagando pela burocracia.”